sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A morte de brasileiro(s) no México foi obra de traficantes de drogas?

Foram encontrados 72 corpos pela Marinha do México. Um sobrevivente afirma que a maioria das vítimas é formada por brasileiros e equatorianos, sendo que as mortes são atribuidas aos traficantes de drogas, conforme se pode ver a seguir:

"A maioria dos 72 corpos encontrados pela Marinha mexicana em uma fazenda no Estado de Tamaulipas é de imigrantes brasileiros e equatorianos, informou um sobrevivente que pediu para não ser identificado.

A testemunha relatou à Promotoria que os estrangeiros foram sequestrados por um grupo criminoso quando tentavam chegar à fronteira com os Estados Unidos. Ele disse ser um imigrante ilegal vindo do Equador que teria escapado da ação.

Segundo o sobrevivente, os homens disseram pertencer ao grupo Los Zetas e resolveram assassinar os imigrantes após eles recusarem a oferta de trabalhar como matadores de aluguel para a organização criminosa.

As vítimas, 58 homens e 14 mulheres e entre os quais havia também centro-americanos, teriam entrado pelo Estado de Chiapas, na fronteira com a Guatemala, e conseguido chegar a Tamaulipas, na divisa com o Estado americano do Texas.

Ao escapar, o sobrevivente recebeu ferimentos de bala e foi procurar apoio médico, relatando a história. Após um tiroteio entre policiais e integrantes do grupo criminoso --durante o qual morreram um militar e três membros do bando-- os corpos foram encontrados.

As autoridades detiveram um menor na fazenda, onde também foi recolhido um arsenal com ao menos 21 armas de grosso calibre, fuzis, escopetas, rifles e carregadores.

Nos últimos anos, o México vem assistindo a uma escalada de violência por conflitos das forças de ordem com os cartéis narcotraficantes, e entre os próprios grupos ilegais.

Desde dezembro de 2006, quando o presidente Felipe Calderón mobilizou as Forças Armadas para combater os criminosos, já foram assassinadas pelo menos 28 mil pessoas no país, de acordo com dados oficiais". (FOLHA.COM. Maioria dos 72 corpos encontrados no México é de brasileiros e equatorianos. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/788692-maioria-dos-72-corpos-encontrados-no-mexico-e-de-brasileiros-e-equatorianos.shtml. Matéria postada em 25.8.2010, às 16h05. Acesso em: 27.8.2010, às 2h).

Ando meio indignado com o pensamento simplista decorrente da lógica aristotélica linear que não permite vislumbrar que a maioria dos fatos decorre de muitas causas, sendo equivocado pretender encontrar um culpado para cada fato grave.

O México vive em intensa guerrilha e a situação brasileira continua terrível, a ponto de muitos nacionais buscarem alcançar o sonho americano por meio de ações espúrias perigosas (que o diga Governador Valadares-MG, cidade conhecida pelos elevados índices de emigrantes que exporta para tentarem o acesso aos EUA).

Engodos à parte, o Brasil não é um paraíso (salvo quanto às suas praias, aos seus rios, à sua fauna etc.). O povo continua sedento por estabilidade, crendo em pífios argumentos que lhes são introjetados como se fossem verdadeiros. Tal situação lembra a imaginada por Eric Arthur Blair (George Orwell - 1903-1950) no seu célebre 1.984.

George Orwell conseguiu vislumbrar adequadamente vários mecanismos utilizados aqui e alhulhes para despistar os grandes problemas que circundam certos fatos graves.
 
Hoje, lamentavelmente, tudo que verificamos circunda em torno das drogas. Todo problema do mundo reside nelas, sendo um conveniente discurso oficial utilizado, inclusive, pelo México.
 
Por que a morte das 72 pessoas não é atribuida aos zapatistas? Os assassinos, segundo a testemunha, queriam mercenários para matar pessoas, não vendedores de drogas, mas se optou por dizer que se tratava de traficantes. E, finalmente, não se pode dizer que a testemunha esteja dizendo o que efetivamente se passou, podendo estar fantansiando para tentar criar um história digna em seu favor.
 
O que se pode afirmar é que as conclusões e as afirmações oficiais são precipitadas, mas convenientes, visto que mascara a impotência mexicana para resolver seus conflitos internos. Dizer que são traficantes de drogas, certamente, é mais simpático do que declarar que são pessoas lutando por sobrevivência, em guerra contra intrusos que geraram, jutamente com a crise econômica, maior dificuldade para o acesso ao trabalho nos campos estadunidenses.
 
O fato é que parece que há uma opção pela cegueira proposital à complexidade social e às evidências dos fatos, sendo mais simpático vislumbrar e intensificar a revolta contra traficantes de drogas, como se todos os problemas da sociedade complexa residissem neles.

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