sexta-feira, 8 de maio de 2020

Ato do Presidente da República foi "molecagem"


O Presidente da República ir ontem, 7.5.2020, ao Supremo Tribunal Federal, sem agenda prévia foi algo constrangedor, sendo interessante a notícia que informa ser o ato “presepada” e “molecagem” (LEIA AQUI).
A realidade é o fato ou a sua representação?
Essa é uma dúvida de cunho filosófico, que passa por diversas afirmações do senso comum e até mesmo das religiões que firmam toda realidade apenas naquilo que pode provir de Deus. Com Heidegger posso até afirmar que o ser é a essência do fundamento porque “só há ser (não ente) na transcendência enquanto fundar projetante de um mundo e situado”.[1]
A imprensa tem noticiado que empresários foram ao Palácio do Planalto para cobrar a liberação de empréstimos que foram prometidos, mas que estavam encontrando obstáculos. Todavia, o Presidente da República Jair Messias Bolsonaro resolveu se promover politicamente, modificando a pauta para a flexibilização do isolamento social advindo do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19. E, sem qualquer planejamento para tal flexibilização foi ao STF, em um aglomerado de pessoas que caracteriza, em tese, crime descrito no do Código Penal, in litteris:
Infração de medida sanitária preventiva
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Publiquei em rede social uma síntese do que penso porque fiquei imaginando imediatamente sobre as consequências do ato de ontem, no Presidente de hoje. Será que aquela realidade, quando percebida pela sociedade e fizessem parte da realidade do Presidente da República, enquanto o seu passado, não o tornariam pior?
Os Ministros do STF perceberam mal a iniciativa de ontem, a qual, nitidamente, constrangeu o Presidente daquele tribunal. Então, sem afirmar que o Presidente da República seja o seu passado, porque ontem já não o era,[2] digo que ele estará vivendo a realidade do ser-para-si (se quiser imaginar, racionalizar o que aconteceu) muito pior do que a realidade anterior ao ato. Ela será muito pior, eis que verá o moleque travestido de Presidente da República em tal ato.
A palavra moleque tem vários significados, sendo que não podemos retirar, no mínimo, ser coisa de menino travesso, inventar uma presepada (espetáculo ridículo) daquelas que, sem qualquer programação prévia, constrangendo o Presidente do STF e praticando ato que, em tese, constitui o crime do art. 268 do Código Penal.
Lamentável!



[1] HEIDEGGER, Martin. A essência do Fundamento. Lisboa: Edições 70, 1988. p. 101 e 103.
[2] SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 169.

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