terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Viajar pelo lindo Brasil com péssimas estradas e verificando a imoralidade pública

Sempre gostei de viajar de carro. Melhor é viajar em boas rodovias. Porém, isso só é efetivamente possível em locais em que são cobrados caríssimos pedágios. As informações oficiais indicam um caminho de Brasília-DF para Fortaleza-CE por uma suposta BR 020 que só existe no MAPA (espero que ela não tenha sido inaugurada, recuperada e não tenha contrato de manutenção - tudo fictício). Agora, tratarei da minha última viagem.

Recordo-me dos primeiros anos da década de 1990, época em que viajar de carro era uma aventura. Aliás, na década de 1970, demóravamos 3 dias para fazer um deslocamento de Pedro Afonso-TO até Goiânia-GO (naquela ocasião não o Estado de Goiás não tinha se dividido em 2 para dar lugar ao surgimento do Estado do Tocantins), ou seja, a cada dia percorríamos cerca de tão-somente 300 km.

Com a concessão da administração de Rodovias do sudeste brasileiro para empresas particulares, vi muitas rodovias excelentes, especialmente no Estado de São Paulo. No entanto, o governo do Partido dos Trabalhadores deu uma boa alavancada e boas estradas sob a administração do próprio governo federal melhoraram.

As estradas de Minas Gerais foram estadualizadas, mas quem as mantém é o governo federal e veio o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que depois ganhou nova versão passando ser o PAC 2, com muito dinheiro sendo distribuído aos empreiteiros. E, o pior, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não informa adequadamente o povo brasileiro.

Quem quiser ver as condições das rodovias tem a disponibilização do DNIT em http://www1.dnit.gov.br/rodovias/condicoes/index.htm. Não acesse porque é perda de tempo. Também, não atualize seus mapas rodoviários. Saí, em 7.1.2012, do Lago Sul-DF com destino a Fortaleza-CE, pegando o menor trecho. O itinerário e as condições das estradas são as seguintes: (a) Brasília-Formosa: excelente; (b) Formosa-Luís Eduardo Magalhães: há trecho em obras e se pode ver alguns buracos; (c) Luís Eduardo Magalhães-Barreiras: ótimo, mas em rodovia de mão dupla; (d) Barreiras-Floriano: tem de tudo, profundos buracos em um trecho com muitos carros sendo danificados, asfalto completamente destruído, obra paralisada e, chegando em Floriano, um trecho excelente; (f) Floriano-Teresina: ótimo; (g) Teresina-Piripiri: excelente; (h) Piripiri-Sobral: excelente até perto de Sobral; (h) Sobral-Fortaleza: não tem asfalto, com vários quilometros intermitentes de obras e total abandono.

O interessante é que o meu guia rodoviário, editado em 2006, estava melhor do que o mapa e as informações do DNIT, inclusive quanto aos trechos em que a rodovia (se é que podemos chamar de rodovia) é precária.

Ouvi de Luiz Antônio Pagot, ex-Diretor-Presidente do DNIT, que não conseguia executar o seu orçamento porque a Procuradoria Federal Especializada junto ao DNIT estaria atrapalhando. Na ocasião eu afirmei que ele deveria executar todo orçamento, mas fazê-lo bem, atendendo à legalidade e à supremacia do interesse público sobre o particular.

Ter muito dinheiro para construir, recuperar e manter rodovias exigirá mais do que mudar o nome do DNIT - que já foi DNER - exigirá moralidade, boa-vontade, adequado planejamento e, fundamentalmente, fiscalização séria sobre as obras  (contrata-se empresa para construir asfalto de 20 cm de espessura, mas se aprova como perfeita a rodovia que tem nitidamente menos de 1 cm de espessura, a qual logo estará repleta de buracos). Enquanto isso não ocorrer, continuarei vendo belas paisagens brasileiras, mas viajando em estradas ruins.

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