quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Escândalos, ética e autonomia política do DF

De escândalo em escândalo, o Brasil vai se afundando! Esta uma frase recorrente. A utilizo em palestras, salas de aulas, pareceres e rodas de amigos. Hoje, a campanha de rádio da candidata Weslian Roriz, da coligação "Esperança Renovada" fez com que eu dissesse aos meus filhos: "de escândalo em escândalo, o Brasil vai se afundando!". A respeito do escândalo mais recente, veja: O GLOBO. Na TV, Weslian Roriz exibe depoimento de suposta testemunha de esquema de corrupção envolvendo Agnelo. Inserção: 26.10.2010, às 22h02. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/10/26/na-tv-weslian-roriz-exibe-depoimento-de-suposta-testemunha-de-esquema-de-corrupcao-envolvendo-agnelo-922883629.asp. Acesso em: 27.2.2010, às 7h55.

Anteontem, 25.10.2010, assisti palestra da Prof.ª Dr.ª Laura Frade (o que se deu no auditório da Faculdade de Direito da UnB), em que ela falou sobre o que os parlamentares federais pensam sobre a criminalidade e concluiu que eles encaram o crime como algo alheio, marcados por representações sociais.

Sou contra a autonomia política do Distrito Federal. Quando os lobbies perante o congresso constituinte de 1.988 caminhavam no sentido da autonomia política do DF, em minha tenra idade, afirmava ser um absurdo que só beneficiaria aqueles que pretendiam se valer da carreira política.

A legislatura que, sem qualquer margem de dúvidas, mais propiciou escândalos ao povo foi esta última, mas os candidatos falam constantemente em "ética". Agnelo Queiroz, da coligação "Novo Caminho" é um deles, porém sua reação ao depoimento do motorista Geraldo Nascimento de Andrade indica o risco de haver crime por trás de toda cortina "ética" aparentemente existente.

Ética, em Aristóteles, é "ciência da moral". Há uma péssima concepção popular de ética, mas todos falam nela. A ética popular e os "códigos de ética" não expressão o sentido da palavra, visto que ela significa estudo e decorre de "ethos", de onde emerge a idéia de imputação.

Em Kant, a moral tem fundamentação metafísica, mas propugna por uma moral caucada no dever-ser, o que é absurdo. Em sentido contrário, Nietzsche entende que moral é coisa de pessoa fraca, mero instrumento de dominação. Concordo com Russel, para quem o sentimento moral é um dos obstáculos à felicidade, mas entendo que a moral é imprescindível à coexistência social. Ocorre que ela depende sempre de um tempero da racionalidade.

A velha construção moral brasileira de que é lícito acreditar no "rouba, mas faz" precisa ser modificado. No Distrito Federal, entendo que anular o voto é ato de cidadania porque sou contra a autonomia política do DF. Este não tem Poder Judiciário (Constituição Federal, art. 32), sendo que é a União quem legisla sobre organização e manutenção do Poder Judiciário, do Ministério Público, da polícia e do Corpo de Bombeiros do DF (CF, art. 21, incs. XIII, XIV). Então, não há razão para o povo escolher um Governador que não tem poderes plenos sobre a Unidade Federativa.

Brasília é capital da República Federativa do Brasil, com áreas de interesse exclusivo da União, o que afasta poderes do Governador e até mesmo da Câmara Distrital. Ademais, a natureza do DF, predominantemente, é de município, o que esvazia uma série de argumentos em favor de tal câmara.

Para Presidente da República, a moral deve ser diversa, não devemos votar naquele que mais promete medidas populistas. Devemos acreditar que o "rouba, mas faz" é errado e, portanto, optar por quem propicia menos escândalos.

As coligações são terríveis. A moralidade instituida no sentido de que devemos tirar vantagem de tudo precisa ser modificada, visto que não há como ver coerência na coligação "Para o Brasil Seguir Mudando", em que a candidata ao cargo de Presidente é do PT e o candidato a Vice-Presidente é do PMDB. O mesmo se diga do candidato a Vice-Governador do DF, Tadeu Filippelli (do PMDB), cria de Joaquim Roriz e marido da candidata que se opõe ao PT, este é carreado por Agnelo Queiroz.

Por uma ética efetiva, em que a moral seja estudada a patir dos seus fundamentos é que devemos fazer a defesa de um "Brasil melhor". Este só será possível a partir do momento que modificarmos a educação e a cultura do povo brasileiro.

2 comentários:

Ana Cavalcante disse...

Estarrecida e enojada, acompanho as denúncias feitas contra o candidato do PT no horário eleitoral. Não é de hoje que o Sr. Roriz utiliza meios escusos para prejudicar adversários, todos sabem. E agora - no auge do desespero - tendo em vista sua candidata e amantíssima esposa não haver "emplacado", aparecem "testemunhas" (comprovadamente desqualificadas e com bela ficha criminal) que relatam atos ilícitos praticados pelo então Ministro Agnelo. Se houvesse uma Justiça decente neste país, nós brasilienses não seríamos obrigados a presenciar mais este lamentável episódio que só nos cobre de vergonha. Infelizmente, nossos excelentíssimos magistrados não cumprem com a sua obrigação de expurgar maus elementos da política brasileira já que ainda estamos longe de fazê-lo pelo voto, pois uma parcela da população ainda escolhe tais elementos para nos representar.

Ciência Brasil disse...

Sidio,
Votarei NULO para governador.

O certo seria Brasilia ter um prefeito (e camara de vereadores), como é na capital dos EUA.

abraços
Marcelo