1. FINALIDADE
Tratarei rapidamente sobre os modelos de
felicidade que nos são apresentados, especialmente em face de um texto
publicado por um “filósofo boteco”, como ele próprio se intitula. Um bom texto
que me levou à presente reflexão.[1]
O texto me foi enviado pelo Google,
um daqueles textos impulsionados por inteligência artificial, dentre muitos
selecionados pelos algoritmos como aqueles que potencialmente me interessam.
Acertaram em cheio porque a leitura me levou a escrever o presente texto.
2. ESTRANGEIRISMOS PARA DEMONSTRAR APARENTE ELEVADA CULTURA
Digo inicialmente que a nossa língua portuguesa
vem sendo abandonada pelos brasileiros mais jovens. Há um crescente
estrangeirismo na linguagem corrente, nas gírias, em um suposto empoderamento
das pessoas por evidenciarem estarem incluídos no mundo civilizado.
Uma pessoa treinadora de outrem é denominada coach.
Uma mentalidade vencedora é denominada “’mindset’ vencedor”. Isso me faz
rememorar o que escrevi anteriormente:
...tive
dificuldades ao conhecimento de outros idiomas, sendo oportuna a crítica de
Erasmo de Rotterdam ao excesso de estrangeirismos dos discursos superficiais
que usam diversas palavras gregas e de outras línguas para lançar poeira aos
olhos do leitor e aqueles que entendem quatro ou cinco vocábulos estrangeiros
se orgulharão do próprio saber e os que não entendem os admirarão na proporção
da própria ignorância.[2][3]
É lógico que não pretendo que esqueçamos que
muitos conhecimentos são expressos em línguas nacionais dos pesquisadores
estrangeiros, sendo que “Mindset” como a Psicologia do sucesso tem a forte
influência da estadunidense Carol S. Dweck.[4] De
todo modo, devemos valorizar o nosso idioma oficial (Constituição Federal, art.
13, caput).
3. O TEXTO DE RENATO DE FARIA COM
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES QUE FAREI
A introdução é uma provocação ao leitor, in
litteris:
Já cansou de ouvir que o sucesso está a apenas
uma mudança de mindset de distância? Que tudo que falta na sua vida é
acordar às 5h da manhã, fazer yoga e recitar mantras de gratidão enquanto toma
seu chá de kombucha? Pois bem, meus parabéns! Você finalmente percebeu que está
sendo gentilmente enganado. Bem-vindo ao maravilhoso mundo dos fracassados
conscientes, onde o sarcasmo é nosso melhor coach, e a filosofia, nosso manual
de sobrevivência.[5]
O texto passa por Kant para lembrar que “viver
é enfrentar dilemas morais e que nem sempre o bem-estar virá em pacotes prontinhos,
como um curso de 12 semanas que promete transformar a sua vida”.[6] O
fato é que Alain de Botton procura demonstrar que a Filosofia é prática e pode
ser utilizada em nosso favor.[7]
É interessante verificar que “tem gente ‘coaxando’
o mantra de ‘você é único, incrível e nasceu para brilhar’”, trazendo o
pessimismo de Schopenhauer para alertar que a vida não é tão simples assim. A
felicidade está em aceitar o fracasso inevitável.
Com propriedade, Renato de Faria afirma que “O desejo incessante de ser ‘melhor’ ou de ‘ter sucesso’ só
aumenta nossa angústia”.[8]
E passa por Nietzsche para dizer “o que você realmente é... é uma bagunça, sem
fim”. E gosto quando ele afirma “...a filosofia não oferece um ‘mindset
vencedor’. Ela oferece o pensamento crítico. E pensar criticamente é, muitas
vezes, desconfortável.”.[9]
Com efeito, nem tudo tem solução e devemos aceitar, não raramente, as nossas
limitações.
Devemos parar de “coaxar mantras”
e acordar às 5h da manhã não é imprescindível ao sucesso.[10]
Veja-se que o texto foi publicado às 4h, induzindo a ideia de que o autor seja
notívago. Cada um tem o seu jeito de ser.
4. CONCLUSÃO
Vale a pena ler o texto de Renato
de Faria, a fim de refletir sobre as soluções simplistas do “coachs”, as quais
podem te induzir a problemas ainda maiores e, ao final, à sensação de não
passar de mais um fracassado.
[1] FARIA,
Renato de. Filósofos contra coaches: diferentemente do que dizem os gurus do
desenvolvimento pessoal, a filosofia não merece um “mindset vencedor”. Ela
oferece um pensamento crítico. Estado de Minas, Filosofía Explicadinha, 7.10.2024,
às 4h. Disponível em: <https://www.em.com.br/colunistas/filosofia-explicadinha/2024/10/6959053-filosofos-contra-coaches.html>.
Acesso em: 8.10.2024, às 9h.
[2] ROTTERDAM,
Erasmo. Elogio da loucura. São Paulo: Martin Claret, 2000. p. 18.
[3] MESQUITA
JÚNIOR, Sidio Rosa de. Machismo puro sangue: a minha percepção da obra elogio
da loucura, de Erasmo de Rotterdam, nos anos de 2017 a 2020. E a felicidade?
Pode ser conquistada? Estudos jurídicos de filosóficos, 19.9.2021. Disponível
em: <https://sidiojunior.blogspot.com/2021/09/machismo-puro-sangue-minha-percepcao-da_7.html>.
Acesso em: 8.10.2024, às 9h25.
[4] DWECK, Carol
S. Mindset: A nova psicologia do Sucesso. Rio de Janeiro: Companhia das Letras,
2016. Disponível em: <chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://editoracaminhar.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Mindset-A-Nova-Psicologia-do-Sucesso-Carol-Dweck1.pdf.pdf>.
Acesso em: 8.10.2024, às 9h20.
[5] FARIA,
Renato de. Filósofos contra coaches: diferentemente do que dizem os gurus do
desenvolvimento pessoal, a filosofia não merece um “mindset vencedor”. Ela
oferece um pensamento crítico. Estado de Minas, Filosofía Explicadinha, 7.10.2024,
às 4h. Disponível em: <https://www.em.com.br/colunistas/filosofia-explicadinha/2024/10/6959053-filosofos-contra-coaches.html>.
Acesso em: 8.10.2024, às 9h.
[6] Ibidem.
[7] BOTTON, Alain de. As consolações da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2014.
[8] FARIA,
Renato de. Filósofos contra coaches: diferentemente do que dizem os gurus do
desenvolvimento pessoal, a filosofia não merece um “mindset vencedor”. Ela
oferece um pensamento crítico. Estado de Minas, Filosofía Explicadinha, 7.10.2024,
às 4h. Disponível em: <https://www.em.com.br/colunistas/filosofia-explicadinha/2024/10/6959053-filosofos-contra-coaches.html>.
Acesso em: 8.10.2024, às 9h.
[9] Ibidem.
[10] Ibidem.