segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Eu e Freud

 Jacob Freud desposou Amalia Nathansohn (3º casamento), 20 anos mais nova do que ele, o qual tinha 40. Jacob tinha dois filhos: Emanuel, já casado, e Philipp, com 19 anos de idade.

Freud tinha John e Pauline como sobrinhos. Eles eram maiores amigos e inimigos de Freud. Também, ele teve uma irmã, Anna, aproximadamente 2 anos e 6 meses mais nova. Ele pensava ser irmão e tio de Anna porque acreditava que sua mãe combinava mais com Philipp do que com Jacob.

Mais tarde, Freud considerou importantes os conflitos da sua infância na construção das suas teorias psicanalíticas. Ele sempre procurou demonstrar as “verdades familiares evidentes”, inclusive a sua origem judaica, até porque Jacob Freud não era religioso e o deixou crescer em completa ignorância ao judaísmo. De todo modo, Freud falava muito bem o hebraico e era um entusiasmado estudioso do Antigo Testamento.[1]

Até os 2 anos e 1/2, Freud teve uma babá madura, a qual era uma devota católica apostólica romana e o levava frequentemente à igreja, ensinando-o a rezar e histórias do Deus Todo-Poderoso. Ela era rude e sugeriu a Freud ser sua mestra sexual. De todo modo, ele pensava que a amava. Mas, durante o puerpério de Amalia, seu meio-irmão Philipp, fez com que a babá fosse detida por um pequeno furto. Isso trouxe muita dor a Freud por causa dos afastamentos da mãe, devido ao nascimento de Anna, e da babá.

Em sua autoanálise, em 1897, Freud entendeu que gostava de receber cuidados amorosos de 2 mães. A sua vida de criança imaginativa, outras crianças e até Édipo foram importantes. Até mesmo o relacionamento do meio-irmão com a mãe pode ser resultado da sua mente criativa.

Jacob e Amalia eram pobres. Em 1856, moravam em Freiberg, na parte superior de uma casa modesta de 2 andares. Na parte inferior, era uma ferraria. Logo, em 1859, a família se mudou Leipzig e no ano seguinte para Viena.

A situação financeira da família não poderia melhorar muito em Viena, visto que ela aumentou significativamente, tendo nascido, de 1860 a 1866, Rosa, Marie, Adolfine, Pauline e Alexander (este último nome foi escolhido por Freud, em homenagem a Alexandre, o Grande). Tudo piorou porque Josef Freud, irmão de Jacob, foi condenado e preso por falsificar rublos. Segundo Sigmund Freud os cabelos do seu pai envelheceram em poucos dias porque existiam indícios de que Jacob e os seus 2 filhos mais velhos estavam envolvidos nas atividades de Josef.[2]

Freud nunca superou a lembrança de Freiberg, sua jovem mãe, que amava, e seu velho pai, que evitava. A cidade, em 1931, ergueu uma estátua em sua homenagem e ele descreveu suas saudades frequentes em uma carta. No entanto, sempre mencionasse odiar Viena, segundo Martin, filho de Freud, essa era uma forma de dizer o contrário, que amava a cidade. Mesmo falando inglês fluentemente, sempre convidado a emigrar para outros países, Freud só o fez quando muito velho, no início de 1938, indo para Londres, onde se refugiou devido ao avanço do nazismo (quatro das suas irmãs morreram em campos de concentração).[3]



[1] GAY, Peter. Freud: uma vida para o nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 23-24.

[2] Ibidem. p. 25.

[3] Ibidem. p. 26.

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