O Professor João Batista da Silva escreveu o livro intitulado Entre o ideal e o real: das inquietudes humanas.[1] O adquiri durante o lançamento havido em Brasília, em 15.6.2023, e o li rapidamente porque se trata de uma leitura prazerosa, não obstante tratar de assuntos sérios e com frases que podem chocar a muitos leitores.
O livro trata
inicialmente de habitar "no mundo dos sonhos, eu posso sonhar e, segundo
dizem, eu devo acreditar sempre nos meus sonhos, pois a crença neles é o que os
tornará reais".[2]
No entanto, o ideal de perfeição se torna no nosso flagelo.
O autor,
ainda que en passant, me remeteu a Jürgen Habermas ao tratar da
linguagem viva, levando-me a lembrar da ação performativa que se dá por
intermédio da comunicação.
É
interessante a provocação do autor ao questionamento sobre as nossas opções
pelos modelos de perfeição que adotamos. Discute, inclusive, o modelo do deus
perfeito que inventamos.
Ele nos
remete a Cronos, a quem retornará mais à frente quando virá a tratar da
crueldade do tempo, que tudo leva, que tudo destrói.
Ao buscar a
perfeição, sente-se executor do trabalho de Sisifo. Também, percebe que estamos
em constante transformação, numa busca de um Deus perfeito, por nós idealizado.[3]
E, cita Nietzsche para dizer que as convicções são inimigas da verdade.
A crítica
àqueles homens intolerantes, que se consideram perfeitos acompanha toda a obra,
chamando a atenção para o fato de termos que ir fingindo que somos ricos e
felizes para não sermos zombados. Obrigando-nos a não aceitar nossas
imperfeições,[4] o que o autor considera um equívoco, visto que somos imperfeitos.
Ele passa por
Marcelo Gleiser para falar da importância do conhecimento científico, que prova
as suas teorias, enquanto na religião nada se testa. Então, demonstra nossa
propensão ao aleatório e ao acaso, visto que não temos controle sobre a nossa
existência.[5]
O Prof. João
Batista inverte a ideia de que o homem de fé é forte, enquanto aquele que tem
dúvidas é fraco, pois é a dúvida quem nos alimenta, sendo "uma centelha
que habita implacavelmente o nosso ser".[6]
Assim como o
autor afirma que "decidir" é cortar de fora para dentro, eu concito o
leitor a decidir se continuará sem ler esse excelente livro que o leva a
refletir sobre a liberdade de escolhas e essencialmente valorizar o respeito e
a tolerância às diversidades.
Um comentário:
A leitura de minha obra pelo professor Sídio foi de grande importância para mim.
O professor Sídio é im grande conhecedor de várias áreas do conhecimento . Além de excelente professor da ciência jurídica transita com maestria pela filosofia, sociologia etc.
Deixo um grande abraço e a minha e admiração por você, Mestre.
João Batista Silva
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