Um amigo, Coronel da PMAM, ex-colega da minha turma da Escola de Formação de Oficiais da Academia Policial Militar do Guatupê, de 1987 a 1989, elogiando o atual Presidente da República, ao lado de outro ex-colega da mesma PMAM, e a sua pretensão de reeleição, me mandou ler Roberto Campos, o que me levou à seguinte resposta no grupo de WhatsApp da referida turma:
Caro amigo,
Sou
Professor porque professo. Professo o bem; professo o desenvolvimento
intelectual como elemento para a conquista da felicidade; professo a advocacia pro
bono publica como caminho moral para estabilidade social; etc.
2. Gosto muito de discutir assuntos
intelectuais e adorei a sua sinceridade quanto à não leitura de Antonio Gramsci.
O seu referencial teórico é frágil. Com efeito, sobre Olavo de Carvalho,
recomendo uma tentativa de resenha do “Jardim” (maneira que o autor se refere
ao livro. Falo de: CARVALHO, Olavo de. O jardim das
aflições: de Epicuro à ressurreição de César: ensaio sobre o materialismo e a
religião civil. Campinas: Vide Editorial, 2013), disponível em: <http://sidiojunior.blogspot.com/2020/03/um-momento-ruim-discorrer-sobre-olavo.html>.
Por outro lado, desconheço publicações do Padre Paulo Ricardo, embora saiba que
ele tem 5 títulos publicados. O que conheço dele são os vídeos do Youtube.
3. Olavo de Carvalho é um polichinelo que
não pode ser levado a sério. Um astrólogo (adivinho) não se confunde com Filósofo.
Ele sequer concluiu o ensino fundamental e foi “Professor” de Roberto Campos.
Este só serviu ao ministério do totalitarismo militar brasileiro (não digo que
tivemos ditadura militar porque havia alternância de poder no Brasil, embora sempre
de militares).
4. Sobre a corrupção dos militares,
leia-se os livros do saudoso Gal. Hugo Abreu, que foi Chefe de Gabinete do
Excelentíssimo Presidente da República Ernesto Geisel, intitulados: O Outro
Lado do Poder; e Tempos de Crise.
5. O Padre Paulo Ricardo fala diversas
incoerências sobre a Escola de Frankfurt. Digo isso com a autoridade de quem
fez tese de doutoramento que trouxe muito sobre a referida escola. Com efeito,
a minha tese foi intitulada Funcionalismo y Garantismo en la Defensa de los Derechos
Fundamentales en el Proceso Criminal (Defendida em 2015).
5. Funcionalismo é uma teoria jusfilosófica
advinda de Jürgen Habermas, nascido no ano em que foi criada a Escola de
Frankfurt, 1929. Também de outra teoria sistêmica oriunda do estadunidense
Talcott Edgar Frederick Parsons, o qual influenciou Habermas e Niklas Luhmann.
Portanto, sei que o Padre Paulo Ricardo deturpa o pensamento de Theodor Ludwig
Wiesengrund-Adorno, sucedido por Habermas na Universidade Johann Wolfgang von
Goethe.
Roberto
Campos não chegou ao seu doutoramento, mas tem o meu respeito, embora eu
prefira a minha titulação acadêmica de doutor. E, concluindo, apenas para não
ser prolixo, afirmo: os alemães da Escola de Frankfurt não destruíram o mundo,
nem o tornaram pior. Ao contrário, os alemães foram sábios ao enviarem os seus
intelectuais, na década de 1960, para estudarem em Harvard, outra grande
academia. Falar contra essas escolas e contra a academia em geral só pode ser coisa de idiotas como o é Olavo de Carvalho.
Os discursos de ódio que grassam nestas plagas tupiniquins contam com a ideologia pseudo intelectual de Olavo de Carvalho, plagas de um povo sem memória que se esquece inclusive que, enquanto candidato, o atual Presidente da República dizia ser contra a reeleição e contra a "velha política", de um Congresso Nacional que era integrado por ele em várias legislaturas.
Hoje, um mundo bipolar, restrito à esquerda e à direita, sequer sabe que Habermas e Luhmann trabalham com teorias sistêmicas, de um mundo complexo, dotado de inúmeros (sub)sistemas em potenciais conflitos entre si. Portanto, reduzir esse o Brasil ao conflito de esquerda-direita é uma coisa de ignaros. Mas, a ignorância é uma boa coisa porque não nos deixa incomodados.
2 comentários:
Sobre esse professor o pensador e mestre Olavo escreveu dezenas de livros...vide, p.e., o imbecil coletivo, 1, 2, 3,4 e 5....
Leu alguns dos livros do "mestre"? Ele cursou apenas até o 4º ano do fundamental. Não poderia ser mestre, eis que lhe faltava título acadêmico essencial ao mestrado. Era apenas um bufão nada engraçado, e de uma empáfia injustificável.
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